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sábado, 6 de novembro de 2010

Escorpião: firmar-se e lutar

Martín Dieser
A reflexão acerca do significado interno, subjetivo do signo de Escorpião pode se  iluminar se levarmos em conta o papel dos dois signos anteriores, os quais, segundo a chave psicológica que vimos utilizando, ocupariam no desenvolvimento da consciência um “momento” sutilmente prévio.
Em Virgem, o ser imbuído na matéria toma contato com a alma, a luz interna que o atrai magneticamente e o impulsiona à discriminação em busca do essencial, atividade típica do signo. Por sua vez, Libra estabiliza o que foi indagado e abre as portas para a reversão do movimento evolutivo, outorgando silêncio e uma base oculta, “substância”, “ar”, a todo esforço posterior.
Em Escorpião tudo isso é posto à prova; é a energia que faz conhecer o “inferno”, que põe à luz do dia tudo o que impede e obstrui e, assim, obriga a tomar uma decisão, que não pode ser outra senão lutar e demonstrar que a alma prevalece. Luta-se para afirmar a consciência, o que se percebe como superior, e neste processo a alma se revela cada vez mais no plano físico.
Esta expansão do fio da consciência no plano físico é de grande utilidade na vida interna, porque o triunfo é enlaçado não à luta, mas à proximidade da alma. Através do esforço nos três mundos, só o que se alcança é gerar um vazio dinâmico, uma invocação para que a alma se faça presente e inunde com sua Presença o campo de batalha da consciência, trazendo por sua própria elevação a cessação do conflito.
Em tudo isto Marte, que é o regente esotérico do signo, exerce um papel ativo; como já dissemos antes, a colocação atual de Plutão (planeta do 1º Raio de Vontade ou Poder) como regente convencional pode responder ao que o comum da humanidade já está sensível, a determinado grau de Vontade Divina, algo nunca antes experimentado. Graças a Plutão expulsa-se todo o indesejável; é um planeta de morte e destruição, agente da necessidade por parte do ser superior de alcançar uma expressão mais plena em nível mental, emocional e físico.
Marte é um planeta do 6º Raio de Devoção e Idealismo e está muito vinculado ao plano emocional; por ser “não sagrado”, seu efeito se faz sentir na matéria e não na consciência. Marte ativa a natureza inferior, coloca-a bem à mão do ser, que poderá se esquivar da batalha (é sempre uma decisão própria), mas jamais da consciência do que deve ser submetido. Isto fala de uma interessante oportunidade para o progresso interno e maior irradiação externa. No entanto, estamos dispostos a pagar o preço, a lutar?
E nos leva à relação com Touro, o oposto complementar. Este signo é regido internamente por Vulcano, outro planeta de 1º Raio, mas ao ser sagrado seu efeito tem a ver com a extensão da vontade desde a Mônada para o menos elevado da alma, de onde se pode tomar contato. Não se triunfa somente com este desejo, mas também com Vontade, e a vontade demanda antes de tudo compreensão, abertura e visão, elementos brindados por Touro.
Curiosamente, Escorpião se vincula com ele através das sucessivas “derrotas”; a superação raramente é linear, caracteriza-se por ciclos e frequentes quedas, que obrigam a começar de novo, quando nos valemos da humildade aprendida em Virgem. Cabem aqui duas citações: em primeiro lugar, Vicente Beltrán Anglada dizia que “o iniciado é um guerreiro coberto de cicatrizes”, o que nos fala claramente da inevitável passagem pelo estado de consciência de Escorpião, em que a própria alma nos coloca em uma situação de exigência, a fim de que evoquemos o mais elevado e comprovemos, a nós próprios, a Inevitabilidade do triunfo do Plano.
Por outro lado temos a frase de Napoleão Bonaparte, que tinha Escorpião como Ascendente (marcando o caminho da sua alma), e que disse: “o importante não é vencer, mas nunca se dar por vencido”. Esta conexão interna que garante a imortalidade, o dinamismo, a perene presença da alma, a própria Vida, é a que, mediante Escorpião, é vertida na consciência diurna, dotando o discípulo de uma ferramenta muito importante para o avanço espiritual. A recordação da experiência em Escorpião, ou a vivência direta, se está no Sol ou no Ascendente, é o que, de maneira potente ou silenciosa, possibilita “inclinar a balança” em momentos críticos, com plena confiança no êxito, com uma autoridade muito peculiar que emana da experiência própria.
É necessário se lançar à batalha com todas as armas que se têm, toda a aspiração e toda a vontade, sem se esquecer de que a chave está no triunfo não da personalidade, mas da alma, que se revela a si mesma através do amor e da compreensão subjacentes a todo esforço.
De alguma maneira se poderia dizer que tudo o que façamos em um nível não será senão um meio para liberar o campo e abrir um vórtice que permita a rápida irrupção da alma, pondo subitamente fim à atividade nos três mundos através da união. Isto tem uma dimensão teórica, mas fundamentalmente uma dimensão prática e psicológica: superar a “luta” nascida da separatividade, a consciência fragmentada, e ganhar o céu por direito próprio, aproximando-se do próprio centro de sabedoria que amorosamente situa-se no centro do tempo no presente.
Trata-se de uma reunião com o mais elevado de nós mesmos, através do esforço na matéria; por isso O Tibetano diz que Marte rege os cinco sentidos; se lembrarmos que é regente do signo, compreenderemos como, através da atividade nos planos mundanos, se irá levando ao limite essa identificação, para depois se tomar consciência de que o que se acreditava correto é um obstáculo para uma percepção mais direta, e despedir com o 1º Raio proveniente de Plutão e Vulcano. Ali se produz uma transformação, processo que, como se sabe na astrologia convencional, é regido por Escorpião.
Em suma, é um signo que nos ensina não tanto a lutar, mas sim a estar absolutamente dispostos a fazê-lo; é a verdadeira Jihad islâmica, a luta interna contra o inferior dentro de si mesmo. Estar dispostos a pagar o preço, a renunciar ao conhecido, é o grande desafio que nos propõe este período, e a recompensa por “surgir vitorioso da batalha” (tal o lema esotérico) é o sincero desdobramento de uma energia de realização maior em todas as dimensões da consciência, da mais grosseira à mais elevada.

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