Martín Dieser
O período regido subjetivamente por Aquário, e em particular o plenilúnio, nos traz à consciência uma certeza, e é que todos formamos parte de um grupo. Assim como Leão brinda a noção e o sentido de se pertencer a um centro, Aquário permite a fluidez na direção do similar, de coração a coração, horizontalmente.
A energia de Aquário, por meio do seu regente esotérico, Júpiter, estimula potentemente o centro cardíaco e nos abre a consciência para a própria natureza do grupal, do qual os grupos esotéricos são parte importante.
Um grupo esotérico não é um mero agrupamento de indivíduos com interesses comuns e mente potente, é, em sua raiz, uma realidade vivente que emana do coração, que deste mesmo centro se alimenta e inunda com sua Presença cada uma das atividades do discípulo, que assim encarna o Plano em sua totalidade e desempenha uma parte, tornando-se literalmente o Amor em ação nos três mundos.
Normalmente essa função expressiva de Aquário como agente do Plano é simbolizada na Aqua Vitae. A água da vida é uma fonte de eterna juventude e renovação que se encontra ao alcance de todo servidor sincero; para ter acesso à mesma, cabe não se esforçar por obtê-la, mas tomar consciência de que no centro do nosso ser existe um manancial repleto de Vida, que constitui o fundamento oculto do ato de verter a água, tão próprio do signo. Todos somos chamados a distribuir essa água.
Distribuir e partilhar é a essência da mensagem aquariana e a nota-chave da energia que, segundo se diz, encarnará o Instrutor do Mundo quando (em breve) reaparecer na Terra. A influência de Urano, planeta de 7º raio e regente de Aquário nos três mundos, está levando este princípio a uma expressão física, e sem dúvida uma de suas manifestações mais claras é a Internet.
Mas também se pode entender o distribuir e partilhar em um sentido mais direto, como um “compartir sem compartir”. Quando a consciência cede, impotente, para dar lugar à Vida, quando o Amor é absorvido pela Vontade, acede-se a uma nova dimensão, a um ponto de confluência do qual começa-se a perceber, e já não só a conhecer conceitualmente, que o Portador de Água, o cântaro e a água são Uno, que na realidade nada (e tudo) há para compartir quando é o Uno que se realiza a si mesmo; ao mesmo tempo existe a noção de dualidade e a irradiação se apresenta como a forma primordial de serviço.
A verdadeira energia Una demanda que a consciência se esgote a si mesma, se revele como insuficiente e clame pela assistência de um fator mais: a Vida. Quando Vida e consciência se conhecem como Uno, os dois grandes rios podem ser combinados, e o fluxo resultante remove todas as limitações da forma, realizando a simbólica limpeza dos estábulos de Áugias, segundo relato contido em Os Trabalhos de Hércules.
Esta força irresistível é a força de Shamballa, a força que submerge continentes e forja raças inteiras. A humanidade é capaz de invocar esta energia sob a forma de fogo elétrico puro, mediante a consciência grupalmente enfocada no plano átmico, e sua correta utilização será a nota distintiva da Era de Aquário, para o qual a terceira fase da revelação da Sabedoria Eterna será preparatória. É a força que liberará a humanidade e abrirá as portas à sua dimensão cósmica.
Observando a atualidade, seria possível dizer que no Egito a energia de Shamballa levou o triunfo da liberdade ao plano físico, impulsionando a alma deste grande país (onde funcionará a mais elevada das Escolas de Mistérios) a um renovado ciclo de atividade.
O tempo dirá se o que se trata ali é um evento isolado ou uma série de impactos grupalmente invocados e dirigidos sob um propósito unificado e definido…
Em todo caso, Aquário é sempre um bom período para vivenciar essa grande realidade que é o grupo, em cujo centro reside a essência do que o Portador de Água distribui, que reside na própria Vida.
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