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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Virgem


Ricardo A. Georgini



Virgem
compreensão amorosa

O trabalho de Hércules ligado ao signo de Virgem é a tomada do cinturão de Hipólita. Virgem é o signo do acolhimento, cuidado e nutrição, e este trabalho representa a delicada tarefa de acolher, ao mesmo tempo em que procuramos orientar corretamente, tudo o que existe dentro e fora de nós.

Hipólita era a rainha das amazonas, uma comunidade de mulheres guerreiras que viviam isoladas dos homens. Ela recebera de Vênus um cinturão, e a tarefa de Hércules era obtê-lo. Logo que chegou ao reino das amazonas, o herói se pôs a lutar com Hipólita. Ele arrancou-lhe o cinturão, matando-a. Só então percebeu que ela não desejava lutar e entregava-lhe livremente o que ele buscava.

Desolado com o seu erro, Hércules voltava para casa por uma encosta marítima, quando ouviu os gritos da donzela Hesíone. Um monstro marinho acabava de abocanhá-la. Esquecendo-se de si mesmo e de sua dor, Hércules lançou-se ao mar e nadou até o monstro. Ele entrou pela boca da criatura e desceu até o seu estômago, segurou Hesíone com o seu braço esquerdo e com a mão direta usou a espada para abrir a barriga do monstro e retirá-los dali. Assim, Hércules redimiu o seu erro anterior. E só assim o trabalho foi completado.

Parte da beleza do mito está no fato de que Hércules às vezes cometia erros, tal como nós, e tinha que voltar atrás e endireitar-se. Vênus é a Senhora do Amor e da Unidade, e o cinturão do mito é um símbolo de união. União é algo que acontece entre dois, e o verdadeiro trabalho de Hércules era unir-se com Hipólita. Mas isto ele não compreendeu, e procurou obter a união, paradoxalmente, sem levar em consideração aquela com quem deveria unir-se.

As amazonas representam o lado material da vida, quando dissociado do espiritual. Hércules representa o Eu Superior ou a nossa essência espiritual. A meta para os seres humanos é a perfeita sintonia entre a vida material e a vida espiritual. No caminho espiritual, o corpo, os hábitos, a família, o trabalho, o dinheiro e tudo mais, não devem ser negligenciados, anulados ou eliminados. Devem ser acolhidos e compreendidos a partir de uma perspectiva mais profunda e mais ampla. Então devem ser amorosamente ajustados para que reflitam os princípios e valores espirituais.

Toda a espiritualidade tem a ver com união. A palavra “religião” vem de “religar” (o humano com o divino). O termo oriental “ioga” significa integração ou união. A união acontece por dentro (entre o material e o espiritual em nós) e por fora (entre eu e os outros, eu e a coletividade).

Unir-se com o outro é também um grande desafio. Levar o outro em consideração é um grande desafio. Parece simples, mas muitas vezes, não compreendemos que o outro é outro, não é como eu. Ele tem a sua própria história, suas motivações, sua maneira de pensar e de fazer as coisas... Tem a sua própria missão e a sua contribuição. A paz, a justiça e a fraternidade — entre pessoas e entre povos — não podem ser impostas unilateralmente; têm que ser construídas conjuntamente, com a contribuição própria de cada um.

A maneira como Hércules salvou Hesíone representa o processo pelo qual o espírito acolhe, eleva, redime e ilumina a matéria. Representa também a disposição de ir em direção ao outro, percebê-lo, manter-se ao seu lado e cooperar com ele. Em sua errônea relação com Hipólita, Hércules procurava obter e tomar, mas em sua correta relação com Hesíone, ele buscou compreender, servir e dar.


Ricardo A. Georgini
ricardogeorgini@yahoo.com.br