Ricardo A. Georgini
Na Trilha de Hércules
O mito dos Trabalhos de Hércules é uma representação simbólica da jornada humana em busca de autoconhecimento, autotransformação e autotranscendência. Cada um dos doze trabalhos descreve uma etapa do desenvolvimento progressivo do ser humano ao longo do caminho espiritual. Os desafios, provas e lutas enfrentados por Hércules são os mesmos que nos confrontam em nossas vidas diárias, e as soluções encontradas por ele podem servir também para nós.
Cada trabalho de Hércules está relacionado a um signo do Zodíaco, e aqui temos oportunidade de abordar a astrologia de modo diferente do habitual. Podemos entender os signos como doze arquétipos, doze qualidades centrais, doze tipos básicos de energia. Todos nós estamos em contato com todas estas doze energias, em maior ou menor medida. Por isto, dizer que uma pessoa é ariana ou aquariana é uma grande simplificação. Todos podemos e devemos aprender a expressar conscientemente todos os doze tipos de energia ou qualidades centrais.
Em cada trabalho de Hércules, estão representados os desafios e as oportunidades próprios do signo que corresponde àquele trabalho. Em cada trabalho, Hércules terá uma tarefa a cumprir, e para fazer isto, terá que disciplinar a sua própria natureza, aprender certas lições e aperfeiçoar o modo como ele expressa as qualidades daquele signo correspondente.
O mito conta que Hércules era filho do deus Júpiter e da mortal Alcmena. Portanto, a sua natureza era dual: uma parte dele era divina, mas outra parte era humana e mortal. Assim, Hércules representa cada um de nós, com a dualidade básica que nos caracteriza: de um lado, possibilidades espirituais, do outro, limitações materiais.
Hércules foi educado pelos melhores instrutores da época, era versado em todas as ciências e artes e desenvolveu todas as habilidades. Ele aproveitou e aprendeu o que o mundo e a vida têm a oferecer e ensinar, e estava apto, assim, a trilhar genuinamente o caminho espiritual. Para transcender o humano, é preciso antes ser plenamente humano. Conta-se que, então, ele matou os seus instrutores, o que é uma forma simbólica de dizer que ele passou a se apoiar em si mesmo e estava livre de qualquer autoridade externa.
Depois, Hércules se casou e teve três filhos. Isto significa que, dentro de si mesmo, ele alcançou a união com a sua essência espiritual ou alma. E passou a expressar as três qualidades principais da alma: vontade ou propósito, amor-sabedoria e luz ou inteligência. Mas logo Hércules foi tomado de loucura e matou a esposa e os filhos. Aqui fica representada uma tendência comum nos principiantes no caminho espiritual, que sacrificam indevidamente tudo e todos pelo seu próprio progresso espiritual.
Quando Hércules caiu em si, foi consultar o oráculo, que lhe aconselhou realizar doze trabalhos que o rei Euristeu lhe apresentaria. Neste processo, Hércules emendaria os seus erros, purificaria e redimiria a sua natureza humana e exaltaria a sua natureza divina ou espiritual.
Antes, porém, do início dos trabalhos, os deuses vieram oferecer a Hércules certos presentes. Minerva deu-lhe um manto, símbolo da vocação espiritual. Vulcano deu-lhe um peitoral de ouro, símbolo da força vital, que protege. Netuno deu-lhe uma parelha de cavalos, símbolo da sensibilidade e da imaginação. Mercúrio deu-lhe uma espada, símbolo da mente, com sua capacidade de separar o real do irreal. Apolo deu-lhe arco e flecha de luz, símbolo do foco espiritual e da percepção intuitiva.
Esses são os requisitos para trilhar o caminho espiritual.
Nos próximos meses, a coluna “Astrologia da Alma” abordará cada um dos trabalhos.
Ricardo A. Georgini
ricardogeorgini@yahoo.com.br
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