Dualidades
e Triplicidades
Falar
de Astrologia sem falar das leis que regem o Universo é o mesmo que
falar do nosso corpo sem nunca ter estudado anatomia. Para além
disso, se pretendemos que esta disciplina milenar não sendo
considerada ciência pela comunidade científica (e com razão porque
ela ainda não o é tal como é estudada e apresentada pelos
astrólogos) venha de facto a ser a rainha das ciências no futuro,
temos todos que começar por uma nova abordagem a este problema.
Em
primeiro lugar, conforme é sugerido nos livros de Alice Bailey sobre
este tema, ela terá que começar por empregar o método estatístico
como qualquer outra ciência social, para estabelecer correlações e
estimadores confiáveis, ou seja consistentes, para que todos possam
chegar às mesmas conclusões partindo dos mesmos pressupostos. Ora
se esse aspecto já é controverso nas ciências sociais oficiais
(por exemplo na economia) então em Astrologia ainda muito mais o
será. Esta controvérsia tem a sua raiz na problemática do livre
arbítrio do ser humano. Mesmo nas ciências ditas exactas como a
física existe o principio da incerteza porque chegou-se à conclusão
que até o electrão já possui em germe aquilo que na planta e no
animal se chama sensibilidade (à musica por exemplo, pois já
existem provas que os animais reagem melhor à musica de Mozart do
que a outra menos harmoniosa e as plantas também crescem mais e
melhor com essa música) e no ser humano o livre arbítrio próprio
de quem já possui a capacidade mental para ajuizar.
Já
empreguei aqui a palavra germe porque tudo no Universo funciona por
germes. O que é que isto tem a ver com a astrologia perguntarão
vocês? Tudo, direi eu. Isto remete-nos directamente para a lei dos
ciclos e com os quais a astrologia tem necessariamente que lidar.
Assim
a trindade, tão cara às religiões tanto orientais como ocidentais
contida nas palavras Shiva, Vishnu e Brahma ou Pai, Filho e Espírito
Santo, contém dentro de si própria também a dualidade básica tão
cara à filosofia chinesa do Yang/Yin. O Universo inteiro funciona
assim. Triplicidades e dualidades, num conjunto que permite ao mesmo
tempo a sua expansão (sem dualidade a expansão é impossível) e o
seu equilíbrio dinâmico. Desta forma temos opostos que se repelem e
atraem e por isso geradores de atrito e conflito, e ao mesmo tempo a
harmonia e a síntese. E onde queremos chegar para já nesta primeira
abordagem? Por agora só a este ponto tão caro ao saber de todos os
tempos e lugares. Porque razão se atribui a perfeição ao número
dez que no fundo conduz à unidade (1+0= 1) e todos os pecados ao
número cinco ou seja à sua metade?
Na
nossa tradição cristã Adão (Marte) só cometeu o pecado original
de comer a maçã porque foi instigado pela serpente (Leão e
escorpião) e por Eva (vénus). Assim conforme menciona Alice Bailey
se percorrermos o zodíaco no sentido horário, ou seja centrados na
personalidade, e portanto sujeitos às vicissitudes da cruz mutável,
o 5º signo será escorpião e o 8º Leão. Se o percorremos no
sentido anti-horário, ou seja já mais centrados na alma, o 5º
signo será Leão sendo então escorpião o 8º signo. Aqui temos
umas das razões porque essa sabedoria de todos os tempos e lugares
diz que o número oculto do Cristo (Alma) é o 8 e o 5º reino é o
reino das almas livres.
Existem,
como sabemos também, em diversas latitudes e ao longo dos tempos,
sete tipos básicos de energias que depois se fundem em três
principais (a trindade das religiões) ou então se desdobram ainda
mais com os 7+5 = 12. E cá temos outra vez o número 5. Se aos sete
tipos básicos de energias, ou melhor dizendo radiações
energéticas, somarmos mais 5 tipos de forças, cá temos o nosso
zodíaco.
Agora
ainda podemos fazer outro tipo de exercício. Se 3+2 = 5 (trindade e
dualidade somada) também 5+3 = 8 e 5+2= 7. Também podemos ainda ter
3+4 =7 (3 + 2x2) e 8+4 =12 ou por fim 3X4 =12.
O
Universo é constituído por energias e forças cujo aspecto gráfico
é uma infinidade de 8 (oitos) entrelaçados uns nos outros (ver
teoria das cordas e um universo que pode chegar a 11 dimensões
defendida por reputados cientistas espalhados pelos 5 continentes).
Aqui vemos a analogia entre o número oculto do Cristo (8) e o
aspecto coesivo da 2ª radiação ou melhor ainda, do aspecto
amor-sabedoria quando se diz que é o amor que vivifica e mantém
coeso todo o Universo pelo efeito de atracção magnética que ele
exerce.
E
porque diz Alice Bailey que a 5ª radiação é a radiação da
clivagem divina ou seja a que faz a seleção em cada período ou
juízo final de cada ciclo? E o que é isto tem a ver com a
astrologia poderão mais uma vez perguntar? Tudo, voltamos a
responder.
No nosso sistema solar o número 5 está associado ao
planeta Vénus sendo aliás este planeta o transmissor da 5ª
radiação energética e assume portanto um papel fundamental nessa
clivagem.
O
Universo não é UM Universo mas uma pluralidade deles. Mas ficando
para já no nosso pequeno Universo podemos dizer à luz da sabedoria
de todos os tempos e lugares, que ao mesmo tempo que uma parte está
ainda no estado chamado involutivo a outra parte se encontra no
chamado arco evolutivo. A fase involutiva da condensação da energia
naquilo a que chamamos matéria e forças dá lugar depois a outra em
que a matéria volta a converter-se em energia e Luz. Ora estes
ciclos encontram o seu equilíbrio na tão conhecida figura do
Yang/Yin.
Contudo
essa figura padece de um problema se não for interpretada
correctamente. Propositadamente ela é um círculo fechado mas no seu
interior ela não é dividida por uma recta mas por dois semicírculos
que voltam a fazer lembrar as duas metades do número 8. Mas
sobretudo e é esse o aspecto mais importante, remete-nos para o
símbolo da espiral. Devemos recordar que o numero oito deitado
também representa o infinito, pelo que a espiral é verdadeiramente
não somente o símbolo mas sobretudo o modelo em que tudo está
construído, e não o circulo fechado sobre si mesmo, onde por muito
que andássemos, voltaríamos sempre ao ponto de partida. Os dois
símbolos estão essencialmente correctos porque de facto eles
representam duas realidades distintas na sua natureza “
espaço-temporal” mas unas no “eterno agora”. A trindade e a
dualidade são duas formas de representar aquilo que se manifesta no
espaço-tempo, cuja regência é atribuída ao 2º Logos, ou seja, a
uma parte desdobrada para melhor entendimento, daquilo que na
realidade fora do espaço- tempo é UNO e transcendente.
Tornando
isto mais simples a trindade é a forma pela qual Deus se torna
imanente e a dualidade é a forma pela qual qualquer entidade que
comece a vibrar no plano da mente concreta aqui representada pelo
numero 5 e por Vénus o pode começar a sentir e a entender na sua
forma mais transcendente. Isto pode parecer para muitos uma pura
especulação abstracta mas não é porque é assim que todos podemos
começar a resolver os nossos problemazinhos da vidinha de todos os
dias. Quem diria!
E
a astrologia no meio disto tudo, poderão voltar a perguntar? Para
isso voltamos para já e só no que diz respeito ao que foi abordado
até aqui, a referir que por exemplo o símbolo do signo de Leão não
deixa de ser basicamente metade de um 8 o de Escorpião e Virgem é
tríplice. Por outro lado, um dos símbolos de Ecorpião também é a
serpente de que já falamos e ao mesmo tempo o círculo não deixa de
ser o ouroboros ou seja a serpente a morder a sua própria cauda.
Assim, para quem é estudante da Astrologia da alma sabe a
importância que este signo (escorpião) tem para o reino humano pois
o seu regente cardinal ou seja aquele que lida com totalidades é o
planeta mercúrio sendo também o regente do reino humano, o 4º
reino cuja função principal é ser o mediador entre os reinos
superiores (espirituais) e os reinos inferiores mais próximos da
matéria alguns dos quais ainda na fase involutiva.
Como
já poderão ter constatado tudo o que fui dizendo tanto sobre as
leis que regem o Universo como sobre astrologia não se refere a um
SER em particular ou à influência deste ou daquele signo sobre
alguém em concreto. O facto de ter mencionado uns signos e não
outros nada tem a ver com a sua importância ou qualidade, mas
somente para me referir ao aspecto que pretendo tratar nesta primeira
abordagem: Como resolver as dualidades intrínsecas a todos os seres
mergulhados no “espaço-tempo” e assim chegar a essa famosa
unidade interior que capacita cada um a centrar-se na Alma e ao mesmo
tempo a sentir e entender a Unidade de todas as coisas.
Poderão
achar uma pretensão desmesurada atirar-nos a uma empreitada tão
grande mas fazemos nossas as palavras de Mabell Collins no livro “Luz
no caminho”: Mata a ambição, mas trabalha como aqueles que são
ambiciosos. Está desde logo aqui, um paradoxo e uma dualidade que
tem que ser resolvida. No fundo mesmo no zodíaco só os signos de
Leão e Capricórnio não têm como símbolos a dualidade ou
triplicidade. E o curioso é saber que ambos estão envolvidos com a
5ª radiação. Leão, a nível cósmico é um transmissor da 5ª
radiação assim como Capricórnio também é um ponto focal dessa
transmissão a nível solar através do seu regente cardinal (Vénus).
Por outro lado ambos os signos são os dois grandes integradores da
personalidade a nível do zodíaco. Leão leva ao máximo o poder
integrador da personalidade quando o indivíduo tenta caminhar
sozinho pelo próprio pé e se torna um líder de um pequeno Grupo ou
de uma Nação ou simplesmente um ditador dependendo da forma como
essa integração se processa. Contudo tal integração é necessária
porque sem uma personalidade integrada os poderes da Alma ficam
inibidos e não possuem os meios adequados para se expressar nos três
planos da forma. Aqui entende-se por integração da personalidade
possuir um corpo físico, astral e mental devidamente alinhados para
formarem um todo coeso fazendo da personalidade um instrumento
positivo de actuação sem ficar dividida entre a emoção e a razão
ou entre a cabeça e o coração. Neste caso o regente fixo (Neptuno)
e cardinal (Urano) devem necessariamente concorrer para ajudar nesse
processo sendo aliás uma das razões porque se diz que por detrás
da 1ª fase das 5 etapas finais para a libertação do Karma dos três
mundos da forma está a 7ª radiação assim como por detrás da 2ª
fase está a 6ª radiação.
No
caso de Capricórnio o processo de integração assume uma forma mais
subtil, dado que neste caso a personalidade tendo atingido o máximo
de perfeição possível, torna-se negativa para dar lugar aos
poderes positivos da Alma que por sua vez já começa ela própria a
reflectir aquilo que para nós ainda é pura especulação ou seja a
mónada. Neste caso a 5ª radiação tem aqui uma função
preponderante pois o indivíduo começa a responder de forma quase
permanente ao 5º reino ou seja ao reino das almas livres sendo aliás
designada a 3ª fase das 5 etapas do ponto de vista terreno e a 1ª
fase do ponto de vista cósmico. Não deixa de ser curioso que
Saturno como seu regente fixo e mutável seja um planeta transmissor
da 3ª radiação ou seja o regente daquilo que se designa por
diversos nomes: personalidade,forma, aparência, ou Espírito Santo
na terminologia cristã (com o monte da transfiguração quando Jesus
acompanhado de três apóstolos se transfigura). Aqui os três
apóstolos não são mais do que os três corpos da personalidade.
Com
estes dois signos não duais cá temos novamente o 5 (Leão) e o 10
(Capricórnio) sendo certamente por isso que Alice Bailey diz que o
símbolo de Capricórnio é de difícil interpretação pois trata-se
da própria assinatura de Deus. Também é dito em diversas latitudes
que os avatares, ou seja os filhos solares, nascem no signo de
Capricórnio o que justifica que nas religiões mais recentes ou mais
antigas se celebrem as festividades mais importantes do ano durante o
período em que o sol atravessa esse signo. Contudo na nossa
perspectiva isto não pode ser levado à letra porque daria uma
expressão e importância demasiado grande a este signo em detrimento
dos outros.Esta visão poder-nos-ia levar a considerar este signo
muito mais importante que os outros e tal não corresponde à
verdade. O que corresponde à verdade, isso sim é o facto de todos
os deuses solares entrarem pela porta de Capricórnio e não pela
porta de câncer como acontece com a Humanidade comum. Penso que este
assunto tem gerado muitos equívocos e tem confundido muita gente.
Este equívoco também está relacionado com outro quando se pensa
que todos os salvadores mundiais nascem em Peixes e isso também não
corresponde à verdade. Aliás existe uma relação oculta entre o
signo de Capricórnio e Peixes já que, em muitas imagens o signo de
Capricórnio é representado por uma cabra (ou bode) com uma cauda de
Peixe. Isto vem do Mito de Makara (crocodilo) que ao tentar fugir da
fúria de um perseguidor teve que se transformar num ser anfíbio
para poder escapar. Só as nossas almas e não as personalidades
poderão algum dia saber o que este Mito esconde. Note-se mais uma
vez que o planeta Vénus está envolvido nisto ao estar exaltado no
signo de Peixes e ser o regente fixo de Gemini (signo por excelência
da dualidade).
Reportamo-nos
a este assunto intrincado porque mais uma vez, iremos voltar ao
número 5 e 10 para terminar esta nossa primeira abordagem. Na nossa
perspectiva o que se esconde por detrás desta visão reporta-se ao
facto de que qualquer deus solar já transcendeu as dualidades
próprias, pelo menos dos três Mundos da forma, e em certa medida
para os mais avançados, a dualidade Espírito- Alma. Assim para
esses seres não existem mais 12 signos no sentido que nós lhes
damos mas somente 10. Para além disso tendo transcendido a dualidade
ou seja ao fazer a fusão dos pares de opostos só ficam 5 energias.
E como se chega a isto? Fazendo primeiro a fusão dos signos de Libra
e Virgo e depois também Aries e Piscis. Ou seja ainda melhor: a
fusão do fogo com a água e do ar com a terra. Isto representa uma
grande conquista pois as águas do plano astral ilusório são
absorvidas pelo fogo do Espírito que é a única coisa eterna e o
céu (ar) desceu à terra. Não podemos desejar melhor consumação
pois começa-se finalmente agora a dizer nesta nova era que o reino
de Deus vai começar a descer à terra para aí impor a sua ordem e
acabar com a rebeldia e o caos que sempre existiu neste planeta.
Tendo acabado com as dualidades esses deuses solares ao fundir os
opostos no fundo sintetizam as energias dos 10 no 5 e cá temos
novamente o 5º reino ou reino das almas livres ou seja a Hierarquia
que foi fundada na terra há 18 Milhões de anos pelos nossos irmãos
do planeta Vénus e cujo expoente máximo e mais conhecido é Sanat
Kumara. Este depois de ter fundado a Hierarquia dos irmãos da luz
passou para o centro chamado Shamballa, onde ficou a saber qual era
a vontade e o plano de Deus, para este nosso planeta e assim
trabalhar com o nosso Logos planetário.
Esta
nova Era tem a particularidade de ser mesmo nova num aspecto
fundamental: pela primeira vez, um ser oriundo da evolução do
esquema da terra (neste caso Gautama Buda) passou a exercer o cargo
que antes era exercido por Sanat Kumara ou seja passou a ser o
expoente máximo de Shamballa.
E
o que tem isto a ver com as astrologia? Mais uma vez dizemos: Tudo.
Esta vai ser a explicação porque Plutão (transmissor da energia da
1ª radiação e que não é filtrada pela Hierarquia contrariamente
à de Vulcano) está relacionado a nível cósmico com Aries e a Ursa
Maior e a nível solar com o signo de Peixes ao ser o seu regente
Fixo e Cardinal. Cá temos a fusão da água e do fogo.
Do
outro lado temos Jupiter (transmissor da energia da 2ª radiação)
regente Cardinal de Virgo que, na fusão do ar com a terra, suplanta
Saturno e liberta o SER da roda do Karma atingindo o caminho do meio
(equilibrio) representado por Libra onde Urano como regente fixo faz
aqui o seu trabalho libertador. Mesmo aqui Vénus também aparece
como regente comum de Libra assim como regente comum em Touro (sendo
este o signo de culminação na roda comum e onde aparece Vulcano
como regente Fixo e Cardinal).
Esta
abordagem dos planetas ficará para uma próxima oportunidade pois é
urgente perceber a função dos três planetas que não pertencem
verdadeiramente ao nosso sistema solar: Urano, Neptuno e Plutão.
Fica desde já uma observação: a oitava superior de Vénus (deusa
da música) não é Neptuno mas sim Urano. Quem tiver dúvidas
limite-se a ouvir a música de Mozart, uma alma que fez descer o céu
(signo solar aquário) à terra (ascendente virgo) onde os planetas
Urano e Jupiter tiveram um papel preponderante assim como mercúrio
ao ser o mediador entre os dois (o Reino espiritual / Céu e a Terra)
e representando o reino humano ou o 4º reino de que Mozart também
fazia parte pois até os animais e as plantas gostam da sua música.
Aproveitaremos
nessa ocasião também para nos debruçar sobre o processo evolutivo
em espiral onde o número 5 vai voltar a ter um papel fundamental e
nessa altura falaremos não de Mozart mas de Leonardo da Vinci e o
seu famoso número de ouro.
gmail: logos.astrologiaesoterica
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