O significado esotérico da casas 1, 2 e 3 do
horóscopo
Para a astrologia
esotérica, as casas em si mesmas são uma limitação que deve ser transcendida
através da qualidade ou luz que oferecem os 12 Signos com suas Três Cruzes, mas,
mesmo assim, aceita-se sua existência e a oportunidade que oferecem, se se está
orientado a uma vida superior. Neste
sentido, para a astrologia esotérica as casas têm um significado próprio que se
esconde por trás dos efeitos exotéricos
relacionados com a astrologia tradicional.
Neste
primeiro artigo, (a ele seguirão outros três), faremos uma análise
analógico-comparativa entre o aspecto exotérico e o significado esotérico das
três primeiras casas, sem esquecer que,
de seu aspecto mais psicológico-prático, referido significado só pode ser percebido
por aquelas consciências que, por direito ou destino evolutivo, têm a
necessidade de transcender as implicações mais materiais em favor das mais
espirituais. São as “novas” consciências nascentes, e não a astrologia em si mesma
que necessitam de uma astrologia renovada. Mesmo assim
há que ter muito em conta que a astrologia
esotérica NÃO anula a exotérica, antes, a inclui, enriquece, expande e
matiza.
Todo
horóscopo pode ser dividido em 4 quadrantes com suas três casas respectivas,
sendo o primeiro, o que hoje vamos analisar, o quadrante que com mais firmeza
nos fala do “eu”.
Esotericamente
falando, este primeiro quadrante é o mais subjetivo dos 4, já que faz referência aos 3 aspectos primários
do sujeito (“eu”): corpo mental, corpo astral e corpo vital ou etérico.
Casa 1
A casa 1 ou
ascendente é a casa que marca o instante do nascimento, o Princípio que este
traz consigo e, portanto, é a casa que faz mais referência ao “destino” do
sujeito ("eu").
Nesta casa
reside a mais poderosa afirmação do “eu”, um eu que, desde o aspecto mais
materialista nos fala da aparência geral do corpo, sua saúde, a cabeça-cérebro,
fortaleza e debilidade, temperamento, atividades e modos pessoais, e que, de seu
aspecto mais espiritual, é a casa do surgimento do “Eu Superior”, a Alma de seu
trono1 no
cérebro/mente, com seu sentido do dharma, energia, qualidades, essência e
propósito.
Como sabem,
para a astrologia esotérica o significado do signo ascendente com seu correspondente
reflexo mais material na casa 1 marca o propósito da Alma. Este signo é a
qualidade que a consciência (desde a mente/vontade) deve aplicar em sua vida
para melhor ajustar sua expressão pessoal de desejos, (mais vinculada ao signo
solar ou linha de menor resistência), com o Amor que a Alma traz consigo. Levar a bom termo este
ajuste traz bem-aventurança, isto é,
saúde, tanto espiritual como física pessoal.
Marte, como
regente arquetípico2 de casa 1, é
a força que oferece o poder de acionar e experimentar o propósito material e
espiritual subjacente nesta casa. Marte, regido pelo 6º Raio de Devoção e Ideal, é o que “luta”
por aquele tipo de ideais (propósitos) que a Alma, ao reencarnar, decidiu viver,
ativar e experimentar.
Casa 2
A casa 2 é o
“lugar iluminado” pelo poder do “eu” proveniente da casa 1. É o entorno imediato onde o eu se apropria de
“aquilo” que, por estar iluminado por ele mesmo, lhe pertence, ou se assim não
for, assim o crê, gerando-se portanto o
desejo de adquirir.
Exotericamente
falando, nesta casa reside o desejo de adquirir experiência sensual, belos
objetos, dinheiro, assim como também a possibilidade de bem empregá-los e/ou perdê-los.
Do corpo físico nesta casa se situa a boca/garganta, isto é, o lugar por onde se adquire o
alimento.
Esotericamente,
todo este desejo de adquirir experiência ou sustento material em consciências evoluídas se reflete como
aspiração ou desejo de sustento espiritual.
O propósito da Alma nesta casa tem o dom de iluminar o desejo material, lembrem-se
de que desejo é energia, portanto nesta casa é onde a energia, através da Alma,
pode ser adquirida, utilizada e enfocada como aspiração ou desejo espiritual;
processo no qual a perda material é um reflexo exotérico da necessidade mais
esotérica de adquirir desapego para alcançá-lo.
Nesta casa
também está situada a voz, o som entendido como a substância3 gerada por aquilo
mais abstrato proveniente da casa 1. Esotericamente não é “aquele que vocifera
o que deseja” mas sim “aquele que se ouve o que É”.
Portanto, e
fazendo referência à Luz de Touro, esotericamente
falando não se trata tanto de desejar a forma material, (iluminada pela luz
externa e vista através dos dois
olhos), como ser consciente, (através da
luz interna percebida pelo terceiro olho), do importante que é para o caminho
espiritual o desejo equilibrado e dirigido.
Observemos as
sempre sugestivas palavras do Mestre Tibetano em relação ao papel que Vênus (5º
Raio) exerce como regente arquetípico da casa 2:
“Vênus, que outorga a mente - mais a alma já
incorporada, estão relacionadas e ativas nesta casa (dois). A luz da matéria e
a luz da alma estão implicadas no emprego da energia e no problema do que se
deseja, ou o que se considera perdido e o objetivo alcançado. Portanto, é a
casa dos valores espirituais ou materiais”.
Lembremos que
a qualidade da aspiração, (ou anelo de maior consciência de Alma), depende
sempre do tipo de valor que a motiva.
Casa 3
Se a casa 1, esotericamente
falando, traz consigo o propósito da Alma, e a casa 2 o “anelo” espiritual que
este gera, a casa 3, por lógica descendente, nos traz sua vitalidade expressiva
no corpo etérico.
A casa 3 é
uma casa mutável, disposta às mudanças, flexível e instável, que encontra
estabilidade em sua casa complementar, a 9, a casa das grandes viagens, onde se
estabelece uma direção e, portanto, uma estabilidade.
Exotericamente
é a casa dos irmãos, as relações flexíveis entre vizinhos ou
conhecidos, é o impulso espontâneo, a improvisação do artista, a rapidez
mental, aprendizagem, conhecimento, viagens curtas, escritos,
periodismo, internet…, no corpo é o pulmão, língua e movimentos de braços e mãos:
a
comunicação. É a
casa da coragem, entendida como a ação espontânea (valente) de se comunicar com o ambiente.
Esotericamente
falando, estas dinâmicas comunicativas são reflexo da importância que tem para a
Alma ter, em seu próprio ambiente mais subjetivo que é a consciência, uma
comunicação espontânea com seu reflexo inferior ou Personalidade.
Comunicar ou inter-acionar
os “dois irmãos”, (material-espiritual), implicados em toda reencarnação é de vital importância para o
crescimento da Consciência entendida como uma unidade, conhecimento,
razão,
compreensão, intuição.
Esta relação
dual, que por Lei de Vida deve ser unificada, é levada a cabo por Mercúrio, (o regente arquetípico da
casa 3), que através da Luz da Mente monta a união no corpo vital com seus 7
chacras.
Nos livros de
Alice Bailey se nos ensina que o “dom” de Mercúrio é regido pelo 4º Raio de Harmonia no Conflito, e tem
lógica que assim seja, porque o esforço de unificar o desejo pessoal com o amor
da alma é um conflito que tende à harmonia. Não vamos esquecer que Deus, (a
Unidade), rege o homem/humanidade através do “filho da mente”, os processos mentais mercuriais criadores de
conflito, reflexão, síntese ou intuição.
Na frase, “a
energia (ou corpo vital) segue o pensamento”, reside a essência de Mercúrio na
casa 3.
Propósito, Consciência e Vitalidade são os três
aspectos divinos do “Eu” que encontram síntese na casa 4, a casa onde se toma a
forma que unifica os três através da Lua/Câncer com seus significados ou Raios
regentes, mas este é um tema a
desenvolver para o próximo artigo, no qual refletiremos sobre as casas 4, 5 e
6.
Astrologia (interpretação do horóscopo)
Como já
sabemos, todo planeta presente em uma casa realça muito muito a importância
desta casa através dos próprios significados do planeta.
Façamos neste
sentido um simples exercício astrológico com Saturno. Como sabemos, tradicionalmente este planeta é o regente
dos impedimentos, das limitações, é o planeta cármico por excelência.
Esotericamente
falando, e sem excluir seus poderes exotéricos, Saturno é um planeta de grande
valor espiritual, porque suas poderosas limitações geram na consciência a REAL
necessidade de parar, refletir, recapitular, disciplinar e assim melhor
reajustar o caminho a seguir em relação aos propósitos da alma ou consciência
superior.
Podemos
pensar, pois, que Saturno situado no quadrante que mais afirma o “eu” é uma
clara limitação para este, mas que, ao mesmo tempo, se a consciência assim o perceber,
é uma clara oportunidade para melhorar sua afirmação espiritual.
Saturno em as três primeiras casas
Se aprofundarmos
um pouco mais e analisarmos Saturno em cada uma destas casas, (sobretudo se o
planeta está só, mal acompanhado e/ou mal aspectado), podemos afirmar que:
Saturno na casa 1, (talvez
esta seja a posição mais delicada da três, por ser uma casa angular), exotericamente
nos fala de sérias dificuldades na autoafirmação e, portanto, uma grande
insegurança e a consequente necessidade, para se defender, de exercer um forte e quase enfermiço controle
do entorno.
Esotericamente,
referida dificuldade é a oportunidade de reconhecer melhor o propósito da Alma,
graças a que a capacidade de controle bem entendida é compreensão e atenção ao
superior. E também a que, a insegurança é a oportunidade de entender a dúvida
como um atrativo para uma mente mais livre e criadora.
Saturno na casa 2
exotericamente nos fala de frustração em relação ao que desejamos adquirir,
(dinheiro, posses, sensualidade ou prazer), mas, esotericamente referida
dificuldade pode se tornar uma profunda necessidade de aplicar o desapego, para
assim poder transmutar o desejo frustrado em renovado desejo de descobrir e
adquirir valores mais conformes com o verdadeiro propósito do “eu” proveniente
da casa 1.
Saturno na casa 3
, sobretudo se o planeta está só ou mal acompanhado e/ou mal aspectado, pode muito bem gerar má relação entre irmãos, comunicação deficiente, inter-ações difíceis ou falta de valor para se comunicar, mas, esotericamente, seu impedimento é a oportunidade para alcançar uma melhor relação ou comunicação subjetiva (na consciência e seus processos mentais) entre o “eu” e o “não-eu”, que posteriormente bem seguro se refletirá no corpo vital ou 7 chacras como uma inter-ação e comunicação mais acertadas com o ambiente mais prático-objetivo.
, sobretudo se o planeta está só ou mal acompanhado e/ou mal aspectado, pode muito bem gerar má relação entre irmãos, comunicação deficiente, inter-ações difíceis ou falta de valor para se comunicar, mas, esotericamente, seu impedimento é a oportunidade para alcançar uma melhor relação ou comunicação subjetiva (na consciência e seus processos mentais) entre o “eu” e o “não-eu”, que posteriormente bem seguro se refletirá no corpo vital ou 7 chacras como uma inter-ação e comunicação mais acertadas com o ambiente mais prático-objetivo.
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1Para o pensamento esotérico, ao
reencarnar a Alma ou Ego tem seu trono
no quinto plano, começando por baixo, dos sete planos de que consta a
mente. Visto de uma perspectiva mais
física/cerebral, muitas escolas esotéricas relacionam a Alma com a glândula pineal
situada no centro do cérebro.
2Con o conceito “arquetípico”
fazemos referência à regência clássica que cada planeta mantém sobre uma
casa, independentemente do regente do
signo que a ocupe.
3Para o pensamento esotérico a
“substância” é resultado da mescla de espírito com matéria, uma mescla que cria
o aspecto psíquico (mente/emoção) sensível, promotor de consciência, neste caso
expresso como som ou voz.
David.C.M. (logos.astrologiaesoterica@gmail.com)
Estou aprendendo muito com esse blog! Aguardo ansiosamente os artigos das casas restantes. Parabéns pelo belo serviço que vocês realizam.Muito obrigada.
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